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Depois de um bom tempo, volto; não por falta de atividade, mas por excesso, muitas coisas escritas, para que poucos leiam.

Mas agora vem a parte mais difícil: o desapego.

Aquela hora em que, terminada a escrita, resolvo de me desfazer de alguns livros, afinal, ha muito não os leio e nem os lerei mais.

E começam os senãos : encontro minhas anotações em um, das quais nem me lembrava mais. Se eu me desfizer desse e alguém, algum dia, o abrir, vai achar o que das bobagens que escrevi, dos comentários? Lembrei de um livro de Clarice que uma vez peguei na biblioteca (acho que foi O lustre) e que estava repleto de anotações de um ex-professor da universidade, que doou seu acervo antes de morrer. O cara escreveu até índice das anotações dele no final do livro. Um livro dentro do livro. O meu, sorry, vai so com bilhetinhos mesmo.

Em outro, já lido ha tantos anos e ocupando espaço e pó na prateleira, encontra uma dedicatória de uma amiga antiga, feita em outra vida, da qual sequer me lembrava mais. Penso nela: estaria viva? Palavras carinhosas, daquelas que me fazem lembrar do porque vivemos: para que falem bem ou, pelo menos, não falem mal de nôs. Saudade da pessoa, do livro só o tempo dirá.

No final das contas, difícil deixar os livros porque não são apenas livros: nas paginas corridas ha vida, pulsando ou adormecida, esperando para retornar.

Olho para frente e coloco os livros numa sacola. Semana que vem, viverão outra vida. E eu também.