Claro que a ciência dos surfistas não é pura, mas fortemente aplicada. O objetivo é entender, com o propósito de surfar, o que as ondas estão fazendo e, sobretudo, o que provavelmente vão fazer em seguida. Mas elas dançam ao som de uma música infinitamente complexa. Para uma pessoa sentada no line-up, tentando decifrar a estrutura de um swell, o problema pode de fato se apresentar de forma musical. Essas ondas estão se aproximando em um compasso de treze por oito, talvez, com sete séries por hora, e a terceira onda de cada série se abre larga em uma espécie de crescendo dissonante? Ou este swell é um dos solos de jazz de Deus, cuja estrutura está além de nossa compreensão?
Esse trecho de Dias bárbaros, de Will Finnegan traduz toda a beleza do que é olhar o mundo, compreender e, enfim, ouvir a música do mundo. Lindo como o surfe, como percorrer o mundo atrás da onda perfeita apenas para conhecê-lo. Lindo como uma jam session de Deus. Leiam!