E hoje, em meio a tantas noticias vistas, uma mais me chamou a atenção: um ensaio fotográfico mostrando o orgasmo feminino desmistificado, vale dizer, o real, sentido por mulheres comuns e não aquele de filme pornô em que não da pra saber se a mulher esta tendo um orgasmo ou levando uma surra. Eis o link:
http://delas.ig.com.br/amoresexo/2015-07-14/fotografa-registra-o-orgasmo-de-13-mulheres-reais-veja-as-imagens.html
E é só falar de orgasmo feminino e literatura e logo lembro de uma das minhas musas, Hilda Hilst. Libertaria, libertina, livre no sentido mais amplo da palavra, com as palavras ela mostrou em seus poemas e seus textos que o orgasmo feminino é uma das coisas mais belas dentre todas as coisas belas, momento em que a vida encontra o ápice, o nada e o tudo, ao mesmo tempo e em um atimo de segundo.
Infelizmente, estamos em 2015 e mulher gozando ainda é sinônimo de indecência, de ser puta, o tempo anda para frente mas nunca se castrou a mulher mentalmente como nos dias de hoje, vitimas que somos da galera do bem do feicebuqui.
Um poema de Hilda que tanto fala sobre desejo e amor, esse arrastar-se ao terreno movediço e acolhedor dos cumes do tesão e da volúpia:
Lembra-te que há um querer doloroso
E de fastio a que chamam de amor.
E outro de tulipas e de espelhos
Licencioso, indigno, a que chamam desejo.
Há o caminhar um descaminho, um arrastar-se
Em direção aos ventos, aos açoites
E um único extraordinário turbilhão.
Porque me queres sempre nos espelhos
Naquele descaminhar, no pó dos impossíveis
Se só me quero viva nas tuas veias?
(Do Desejo, Hilda Hilst, VII)
Por fim, não poderia deixar de compartilhar um desses vídeos, em que o fotografo Clayton Cubitt filma diversas mulheres lendo e tendo orgasmos enquanto lêem, numa série linda de ver e de ouvir, a palavra encontrando a química perfeita.
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O que é amar a literatura e não se sentir parte dela e ao mesmo tempo fora de si, como no melhor orgasmo?