Bem, meninos e meninas, 2018 finalmente chega ao fim, esse ano que parecia que entraria em 2019 sem terminar. E já que aqui falamos de literatura, cabe perguntar: nesse ano lemos muito, pouco, o suficiente? Como foi o ano de quem ama livros?
No meu caso, posso dizer que li bastante, mais até do que esperava ler em razão do trabalho e da vida que estão sempre chamando a deixar de lado as paginas de que tanto gosto. Em contrapartida, postei menos do que gostaria, comentei menos do que me comprometi a fazer. Foram 10 posts em 12 meses, 11 com este. É pouco, reconheço e, em razão desse reconhecimento, pretendo estabelecer uma periodicidade de pelo menos um post por quinzena. Que em 2019 eu cumpra ao menos essa promessa.
E, como disse, li muito, só a minoria foi comentada aqui. Li os dois Albert Camus que considero obras essenciais para entender o homem e os dias que atravessamos, de como chegamos ao ponto em que nos encontramos. Iniciei o ano comentando O estrangeiro e terminei falando de A queda. Recomendo demais a leitura.
Finalizei a trilogia de Svetlana Aléksievitch e, de longe, o que mais me fascinou foi O fim do homem soviético, um relato impressionante do efeito da história sobre os homens; pessoas que viveram e acreditaram em um mundo e que, de repente, viram-se privados do próprio destino. Vozes de Chernobyl e A guerra não tem rosto de mulher também devem ser lidos mas aviso, ninguém lê Svetlana e sai a mesma pessoa dessa experiência.
Li o badalado Lincoln no limbo de George Saunders e fiquei um pouco desapontado, para mim o livro começa bem e tem uma passagem marcante que é o grande momento de Saunders, depois parece que a narrativa desce a ladeira e o final, para mim, foi decepcionante. Em todo caso, leiam e tirem suas conclusões.
Também me deliciei lendo Ricardo Piglia e sua literatura autorreferencial e altamente refinada; Entendi mais sobre o mundo com Eduardo Galeano, voltei a me espantar revisitando Lavoura arcaica de Raduan Nassar; Jean-Paul Satre e A náusea me levaram a uma conexão com Clarice Lispector e A paixão segundo GH, a mesma Clarice cujo evangelho de contos segui e seguirei, projeto iniciado há dois anos.
Na poesia falei de Anita Malufe; descobri e me encantei com Wislawa Szyborska, ainda falo da poesia notável da polonesa nesse espaço. Li como sempre Hilda, Ana Cristina Cesar, Alberto Caeiro e Vinicius de Moraes, li Marília Garcia, dentre outros. Também pretendo descobrir outros poetas e deles falar por aqui.
Não foi um ano fácil para quem vende livros: duas gigantes do comércio de livros, a Cultura e a Saraiva sucumbiram, afinal, à concorrência feroz da Amazon, bem como à administração ineficiente e estão em recuperação judicial; acredito que sobrevivam mas nada sera como antes. Também um novo caminho se desenha, com editoras independentes, menores mas mostrando uma capilaridade junto aos leitores que pode dar bons frutos. Quem sabe o futuro sera de livrarias menores e mais conectadas com escritores e editores de menor porte. O brasileiro ainda lê pouco, é fato; também lê mal, outro fato; mas atribuir a crise das livrarias ao hábito de pouca leitura do brasileiro é simplificar sem explicar.
Minhas perspectivas para 2019 são de ler mais ainda, escrever mais, pois em dias de fascismo redivivo e não apenas no Brasil, a leitura e a informação são a melhor arma contra a ignorância e a truculência. Quero ler mais para entender o Brasil e o mundo, quero ler mais ficção pois esta também explica muito sobre o mundo e as pessoas, mesmo sem referência direta, quero ler mais poesia pois esta é a brisa que traz um alívio aos males da vida. Quero escrever mais sobre o que leio, indicar mais livros, analisar, criticar, fazer perguntas, muito mais do que oferecer respostas.
E, por fim, espero que você, amado leitor que teve a paciência de me acompanhar nesse humilde espaço continue por aqui, lendo, curtindo, comentando quando quiser, lendo os livros que aqui são indicados e muitos mais que eu não tenha, leia, lemos, leiamos, muito e sempre.
Obrigado, querido leitor do Literatura, café e outros vícios e que 2019 seja de muitas leituras para combater o bom combate nesses tempos de ignorância orgulhosa.
Um bom ano novo para todos nôs!